Só hoje fiquei sabendo que no último dia 6 de março perdemos Vicente Luiz Rosa, o tio Viça. Estive com ele pela última vez no início do ano, mas a doença que acabou por levá-lo não permitia mais que ele interagisse com as pessoas. Falei então longamente com sua esposa, dona Emília, que entre fotos e recordações de família suspirou e disse: - Ele gostava mesmo era do tal do futebol...
O tal do futebol. Vicente Luiz Rosa leva consigo boa parte do futebol lageano. Jogou no grande Aliados do início dos anos 50, saiu para jogar no Cruzeiro de Joaçaba e no Carlos Renaux, mas voltou a Lages para jogar no Vasco, treinar algumas vezes o Inter, nos anos 70, e o Lages, em 1977.
Quando conheci pessoalmente o tio Viça ele já trabalhava no setor de encadernação da Uniplac. Brilhava o olhar quando contava as histórias do tempo do Areião, e não pude evitar uma ponta de tristeza quando li o anúncio de que parte do Vermelhão - o antigo Areião de Copacabana - será doado para o Consórcio de Saúde. Para quem gosta de futebol, e Vicente Luiz Rosa gostava do tal do futebol, Lages se parece com o fim de tudo.
Vai com Deus, tio Viça.Tio Viça elegante nos tempos de Joaçaba, com o velho Oscar Rodrigues da Nova ao fundo: o tal do futebol vai sentir saudade.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
quarta-feira, 22 de abril de 2009
As feras do nosso Saldanha
sábado, 11 de abril de 2009
Treze gols e casa cheia no Ivo Silveira
A noite foi de bom futsal em Lages. O Inter Lages Futsal foi goleado pelo Atlântico de Erechim por 11x2, diante de um grande público no ginásio Ivo Silveira. O amistoso fez parte da preparação dos colorados - aliás, colorados alaranjados, e ficou bem bonita a camisa - para o campeonato estadual da primeira divisão.
O placar elástico em favor dos gaúchos já era esperado, eis que o Atlântico lidera a Liga Nacional de Futsal e é dotado de um padrão técnico bem superior ao do Internacional. Mesmo com a derrota, a torcida aplaudiu bastante às duas equipes e deixou o ginásio satisfeita.
A partida foi transmitida pela Rádio Globo, com narração de Élcio José, e pela TV Araucária, com narração de Rogério Ramos e reportagens de Damaceno.
O placar elástico em favor dos gaúchos já era esperado, eis que o Atlântico lidera a Liga Nacional de Futsal e é dotado de um padrão técnico bem superior ao do Internacional. Mesmo com a derrota, a torcida aplaudiu bastante às duas equipes e deixou o ginásio satisfeita.
A partida foi transmitida pela Rádio Globo, com narração de Élcio José, e pela TV Araucária, com narração de Rogério Ramos e reportagens de Damaceno.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
O sono de um gigante
Faleceu na manhã de hoje, em Porto Alegre, João Gaspar de Barros Saldanha. Quatro vezes presidente do Internacional, Saldanha está entre os mais apaixonados dirigentes que o futebol catarinense já teve. O corpo será velado e sepultado em Lages.
Primo do homônimo João Saldanha, ex-técnico da seleção brasileira conhecido como João Sem Medo, o Saldanha colorado protagonizou histórias de valentia e amor ao Internacional, clube que considerava sua segunda família.
Em nome da torcida do Inter, registramos nossos pêsames aos familares e amigos de João Saldanha, e a mais profunda e eterna gratidão.
Descanse em paz, presidente campeão.
João Saldanha, ao centro, e a diretoria campeã de 1965
Primo do homônimo João Saldanha, ex-técnico da seleção brasileira conhecido como João Sem Medo, o Saldanha colorado protagonizou histórias de valentia e amor ao Internacional, clube que considerava sua segunda família.
Em nome da torcida do Inter, registramos nossos pêsames aos familares e amigos de João Saldanha, e a mais profunda e eterna gratidão.
Descanse em paz, presidente campeão.
João Saldanha, ao centro, e a diretoria campeã de 1965
terça-feira, 7 de abril de 2009
Ave, Jânio! Todos ao ginásio!
quinta-feira, 2 de abril de 2009
A paixão colorada de Rogério Ramos
Cruzeiro. Lages. Aliados. Atlético. União Operária. Vasco da Gama. O futebol lageano conheceu muitos times desde que a pelota de couro começou a rolar às margens do rio Carahá, do começo da década de 20, até os clássicos no Areião de Copacabana, em meados dos anos 50. Porém, por mais que fossem vitoriosos ou apadrinhados por abastados comerciantes, os clubes não sobreviviam ao passar dos anos. Fechavam as portas até se transformar em vagas lembranças. Acontecia com todos. Todos, menos um. Um time de camisas vermelhas atravessaria as décadas movido pela paixão teimosa de seus seguidores.
O fato decisivo para evitar o fim do futebol colorado em 1955 aconteceu cinco anos antes, nas dependências do Grupo Escolar Vidal Ramos, quando o menino Rogério Ramos ganhou uma bola de futebol em um sorteio. E graças à persistência de Rogério, a bola virou um time, e o time virou uma paixão. Nasceu ali o vitorioso esquadrão juvenil do Esporte Clube Internacional.
As despesas do time – jogo de camisas, chuteiras para quem não tinha e lanche para comemorar as muitas vitórias – eram suportadas por uma economia feita por Rogério. Depois da escola, o jovem colorado trabalhava em um dos postos de seu pai, Tito Varela Ramos, e acumulava moedas que acabavam por constituir um fundo de incentivo ao time que era imbatível nas manhãs dominicais no campinho dos padres.
Plínio, ainda como goleiro, e Rogério Ramos em 1951
Era um time formado por amigos e colegas de estudo, mas Rogério não deixava de fortalecer o time com outros atletas. Assim foi que ao lado dele e de Plínio Maines, Antônio Celso Melegari, Áureo Malinverni e Aujor Branco de Moraes, perfilava o habilidoso Pinto, filho do coveiro Firmino, que chegou desconfiado daqueles meninos que se vestiam melhor e levavam os estudos a sério, mas que se entrosou assim que bola falou a língua universal do futebol.
O tamanho daqueles meninos franzinos era denunciado pelo diminutivo dos nomes Zequinha, Julinho, Laurinho. Logo a liga organizou um campeonato para a piazada e o Coloradinho foi campeão. Bicampeão, aliás. E invicto. As canelas finas se apoiavam em pés habilidosos e matreiros. Eles tinham em média treze anos quando passaram a representar o time de aspirantes do Inter. E foram novamente bicampeões.
Por trás daquele time unido e quase imbatível, estava a força de seu capitão Rogério Ramos, que marcava os jogos, organizava os treinos, pagava os lanches festivos e se entregava de corpo e alma quando a bola rolava. Mais do que um time vitorioso, os juvenis do Inter formaram um grupo de amigos que se reúne até hoje para relembrar os tempos de campo dos padres e Areião de Copacabana.
Tudo isso já seria o suficiente para orgulhar Rogério Ramos e seus companheiros. Mas em 1955, quando eles ainda eram aspirantes, os jogadores do time profissional do Inter abandonaram o clube em busca de melhores salários. Sem dinheiro, cogitou-se acabar com o Internacional. O que restava à diretoria era recorrer aos ex-juvenis e então aspirantes, para ao menos entrar em campo. Eles toparam, e mais do que isso, jogaram de igual pra igual contra os fortes times de Aliados, Vasco e Lages.
Rogério e Aujor em 2009: lembranças de um Inter guerreiro e vitorioso
Graças à valentia daqueles meninos o Internacional sobreviveu para ser campeão municipal, regional e estadual. Por isso nunca é demais recordar que o time campeão de 1965 só existiu porque os juvenis estavam lá quando o Internacional mais precisou de quem amasse aquelas camisas vermelhas. Que Setembrino é precedido por Aujor, assim como Zé Melo por Plínio, Jones por Melegari, Bin por Zequinha, Kuki por Laurinho. E que se nesses 60 anos de história o Inter desenvolveu o dom de superar as dificuldades, muito se deve ao ato de coragem e paixão colorada de Rogério Ramos. Obrigado, grande capitão.
O fato decisivo para evitar o fim do futebol colorado em 1955 aconteceu cinco anos antes, nas dependências do Grupo Escolar Vidal Ramos, quando o menino Rogério Ramos ganhou uma bola de futebol em um sorteio. E graças à persistência de Rogério, a bola virou um time, e o time virou uma paixão. Nasceu ali o vitorioso esquadrão juvenil do Esporte Clube Internacional.
As despesas do time – jogo de camisas, chuteiras para quem não tinha e lanche para comemorar as muitas vitórias – eram suportadas por uma economia feita por Rogério. Depois da escola, o jovem colorado trabalhava em um dos postos de seu pai, Tito Varela Ramos, e acumulava moedas que acabavam por constituir um fundo de incentivo ao time que era imbatível nas manhãs dominicais no campinho dos padres.
Plínio, ainda como goleiro, e Rogério Ramos em 1951
Era um time formado por amigos e colegas de estudo, mas Rogério não deixava de fortalecer o time com outros atletas. Assim foi que ao lado dele e de Plínio Maines, Antônio Celso Melegari, Áureo Malinverni e Aujor Branco de Moraes, perfilava o habilidoso Pinto, filho do coveiro Firmino, que chegou desconfiado daqueles meninos que se vestiam melhor e levavam os estudos a sério, mas que se entrosou assim que bola falou a língua universal do futebol.
O tamanho daqueles meninos franzinos era denunciado pelo diminutivo dos nomes Zequinha, Julinho, Laurinho. Logo a liga organizou um campeonato para a piazada e o Coloradinho foi campeão. Bicampeão, aliás. E invicto. As canelas finas se apoiavam em pés habilidosos e matreiros. Eles tinham em média treze anos quando passaram a representar o time de aspirantes do Inter. E foram novamente bicampeões.
Por trás daquele time unido e quase imbatível, estava a força de seu capitão Rogério Ramos, que marcava os jogos, organizava os treinos, pagava os lanches festivos e se entregava de corpo e alma quando a bola rolava. Mais do que um time vitorioso, os juvenis do Inter formaram um grupo de amigos que se reúne até hoje para relembrar os tempos de campo dos padres e Areião de Copacabana.
Tudo isso já seria o suficiente para orgulhar Rogério Ramos e seus companheiros. Mas em 1955, quando eles ainda eram aspirantes, os jogadores do time profissional do Inter abandonaram o clube em busca de melhores salários. Sem dinheiro, cogitou-se acabar com o Internacional. O que restava à diretoria era recorrer aos ex-juvenis e então aspirantes, para ao menos entrar em campo. Eles toparam, e mais do que isso, jogaram de igual pra igual contra os fortes times de Aliados, Vasco e Lages.
Rogério e Aujor em 2009: lembranças de um Inter guerreiro e vitorioso
Graças à valentia daqueles meninos o Internacional sobreviveu para ser campeão municipal, regional e estadual. Por isso nunca é demais recordar que o time campeão de 1965 só existiu porque os juvenis estavam lá quando o Internacional mais precisou de quem amasse aquelas camisas vermelhas. Que Setembrino é precedido por Aujor, assim como Zé Melo por Plínio, Jones por Melegari, Bin por Zequinha, Kuki por Laurinho. E que se nesses 60 anos de história o Inter desenvolveu o dom de superar as dificuldades, muito se deve ao ato de coragem e paixão colorada de Rogério Ramos. Obrigado, grande capitão.
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