sábado, 27 de dezembro de 2008

Nos tempos do Areião

É público e notório que Tio Vida é um modo intimista de nos referirmos ao estádio municipal Vidal Ramos Júnior, assim como o Aderbal Ramos da Silva em Blumenau - tristemente demolido - era chamado de Dêba. Morei lá em 1991 e lembro do vozeirão do saudoso Rodolfo Sestrem estremecendo os alicerces ao anunciar pela Rádio Nereu teeeEEEEEEEMMMmpooo e placaaaAAARRrrr no Dêeeebaaaa...

Pelo que me lembro, quem começou a chamar o próprio da municipalidade de Tio Vida foi o bravo Souza Filho, no microfone da bravíssima Rádio Clube, em 1995. Bom, ao menos foi quando eu ouvi pela primeira vez, e caiu no gosto da galera. Dizia-se assim: - Daê, beleza? Vamos tomar umas geladas no Guairacá e depois 'bora' pro Tio Vida? Então bora pro Tio Vida, pra ver Inter, LEC, CAL e até uma breve ressurreição do Guarani.

Quando eu comecei a freqüentar o estádio - fim dos anos 70 e mais assiduamente a partir dos 80 - não havia a cobertura na arquibancada atrás do gol da rua Humberto de Campos. Cobertura mesmo só nas sociais, que chamávamos de pavilhão, com entrada pela Jairo Luís Ramos. Todo o resto era geral, com sol na cara ou chuva no lombo. Em 2003 construiu-se a arquibancada maior, ou pavilhão novo, inaugurado em 2004, mudando a posição das cabines de imprensa.

Mas tergiverso, como diz o Inagaki. Este post é sobre o estádio que antecedeu o Tio Vida, oficialmente chamado de estádio municipal do bairro Copacabana, mas que ficou conhecido como Areião de Copacabana. Ficava ali onde hoje quedam as ruínas do Vermelhão, e o campo de jogo era na mesma posição do campo do Vermelhão.

Era Areião porque grama mesmo tinha muito pouco, uns tímidos montinhos verdes espalhados em meio à terra batida. Mas era o nosso estádio, e ali jogavam entre si nos anos 50 Aliados, Inter, Vasco e União Operária. Era uma praça de esportes simples, o que não impediu que fosse palco de grandes momentos. Ali o Inter enfrentou o Cruzeiro de Porto Alegre e o Flamengo de Caxias. Em 1953, com o acanhado pavilhão de madeira superlotado, o Aliados foi eliminado do estadual pelo Carlos Renaux de Teixeirinha. Muita gente boa ralou seus joelhos no Areião, como Áureo Malinverni e Osvaldo Brandão.

(Hein? Osvaldo Brandão? Aham, ele mesmo, mas essa é outra história)

Em 1954 a prefeitura entregou um novo estádio, chamado à época de estádio da Ponte Grande, depois Vidal Ramos Júnior, o Tio Vida. O Areião ficou para trás, recebendo jogos do campeonato varzeano, até que o município o repassou ao Internacional e ali foi erguido o Vermelhão.

Não vou falar do Vermelhão hoje. Está em pedaços. Sobrou apenas a velha arquibancada atrás do gol à esquerda das cabines de rádio. Bem no centro, acima, ainda está o painel de concreto onde se encaixava o placar. Às vezes vou até lá, subo a arquibancada, me sento à sombra da árvore e fico em silêncio olhando o campo. Imagino como aquilo era nos tempos do Areião. Clássicos municipais, muita rivalidade e a cidade unida através da bola. Histórias que o tempo engoliu, e que pretendo trazer à tona no livro do Inter, para que não se diga que o que restou de tanta paixão são essas ruínas aí debaixo.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Vai com Deus, Radar

Acabo de ler no Edson Varela um comentário do Jones Paulo. Faleceu hoje, às 10 horas, no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, o grande e inesquecível Cláudio Radar, 56 anos.

Cláudio Roberto Gomes, o nosso Radar, jogou no Grêmio de Porto Alegre, no Sport Recife, no Brasil de Pelotas, no Atlético Paranaense, no São Paulo de Rio Grande e no Inter de Lages. Chegou aqui em 1981, e encerrou a carreira de jogador no início de 1985. Também foi treinador do Inter.

Já há algum tempo Radar vinha com problemas de saúde. Em julho foi organizado um jogo entre masters de Inter de Lages e Grêmio de Porto Alegre, com renda revertida ao ex-jogador dos dois times. A foto abaixo foi tirada naquele dia por Alvarelio Kurossu, do Diário Catarinense. Muralha, com a camisa do Inter, abraçado a Cláudio Radar em um dia de muita emoção.

Eu lembro de um jogo entre Inter e Joinville, no dia 15 de maio de 1983. Uma das maiores exibições individuais que já vi no futebol catarinense. Radar defendeu e atacou o tempo todo, marcou o único gol do jogo e foi abraçado por todo o time.

Vai com Deus, Radar. Infelizmente você não verá o livro do Inter publicado, mas seu depoimento estará lá, para a posteridade. Todos que convivemos contigo sentiremos saudade. E o time do céu acaba de ganhar um jaqueta 6 de primeira linha.

A AVEP e a velha guarda

No último sábado, 20 de dezembro de 2008, fui à AVEP assistir ao jogo de encerramento do ano. Para quem não sabe, a AVEP é a associação de veteranos e ex-profissionais de futebol de Lages e região. Lembro do time da AVEP fazendo as preliminares do Inter no começo dos anos 80, e graças a esses jogos pude ver em campo Zezé, Dair, Anacleto, Áureo Malinverni...

O jogo de sábado foi contra os veteranos do Vila Nova. O time da AVEP jogou com o uniforme do Inter, com direito a Dutra na zaga e Zezé na ponta-direita. Como reforço, o lageano Edno, que jogou a série A do Brasileirão pela Portuguesa.

A AVEP/Inter venceu por 4x2. Seguem fotos de dois gols: um do Edno e outro do Zezé, de pênalti, com a categoria de sempre. Essa foto do Zezé o Roberto Alves publicou na coluna dele do Diário Catarinense do dia 24. Clique para ampliar.



A partir do ano que vem, vou divulgar aqui os dias de jogos na AVEP. Para quem curtia o Leão da Serra, a diversão é garantida.

FELIZ NATAL!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Pontapé inicial

Vamos lá. Já havia pensado em criar um blog para lançar histórias e fotos que não caberão no livro do Inter, e também como um meio de encontrar pessoas que queiram colaborar nessa fase final da pesquisa.

Há uns dias o Edson Varela publicou um post sobre o livro, e algumas pessoas comentaram pedindo a foto, a volta do Inter etc. Então decidi criar o blog de vez.

Ainda é experimental. Publicarei com periodicidade quando voltar das férias, em janeiro. Só vou deixar um ou outro post para firmar o compromisso de tocar isso aqui com regularidade.

Enquanto não começo pra valer, já dá pra se divertir com a foto do banner, um timaço do Leão da Serra com o Tio Vida lotadinho. Ao fundo, o pavilhão, as sociais e as cabines da Clube e da Princesa.
A história dos times, jogadores, dirigentes, torcedores, radialistas e corneteiros que marcaram época no futebol da Serra Catarinense.