sábado, 31 de janeiro de 2009

1955: o Olaria em Lages


Em 1955 o futebol de Lages ainda caminhava lentamente rumo ao profissionalismo. Aliados, Vasco, Lages e Internacional tinham em seu elenco jogadores remunerados junto a outros que vestiam a camisa apenas pelo prazer de jogar o foot-ball. O único clube que resistia à idéia de pagar seus atletas era o mais humilde de todos, o Pinheiros. Fundado com o nome de Esporte União Operária em abril de 1948, o alvi-verde só aceitava jogadores da classe operária. Por isso, enquanto os jogadores remunerados do Lages eram chamados de milionários, os do Pinheiros eram os proletários.

Apesar de seus resultados modestos nos campeonatos citadinos, o Pinheiros fez história em 1955 ao convidar o Olaria para um amistoso no estádio Vidal Ramos Júnior. O torcedor lageano já havia assistido naquele ano a exibição de um grande clube, no jogo entre Grêmio de Porto Alegre e um combinado de jogadores de Aliados Futebol Clube e Grêmio Esportivo Vasco da Gama, mas a visita de um time carioca parou a cidade.

Torcedores de todas as bandeiras lageanas foram ao field naquele dia 21 de abril, e aplaudiram um primeiro tempo arrasador dos cariocas. O goleiro Caninini, que além de goal-keeper era boxer nas pugnas improvisadas no Teatro Tamoio, levou dois gols do atacante Gaúcho, aos 4 e aos 12 minutos. Arlindo aos 26 e Mário aos 34 elevaram a contagem para 4x0, e Caninini foi substituído por Segala.

Mais ajustados, os proletários descontaram no segundo tempo, com Patrocínio e Ruy. Mas o Olaria respondeu e fechou o escore em elevados 6x2, com gols de Olavo aos 40 e Eltes no último minuto. A festa continuou à noite, com um jantar oferecido pela Liga Serra de Desportos aos desportistas locais, à delegação do Olaria e ao árbitro carioca A. Rocha, que apitou o jogo.

Outros clubes cariocas – América, Vasco, Flamengo, Fluminense e Botafogo – jogariam em Lages nas décadas seguintes. Mas foi simpático clube da Rua Bariri o primeiro time do Rio de Janeiro a pisar o gramado do estádio Vidal Ramos Júnior.

Pinheiros (Lages) 2x6 Olaria (Rio de Janeiro)
21 de abril de 1955 – 16:10 horas
Estádio Municipal da Ponte Grande (atual Vidal Ramos Júnior) – Lages
Árbitro: A. Rocha (FERJ)
Pinheiros: Caninini (Segala), Zé Otávio (Miltinho) e Lambert; Bolega, Vicente e Mineiro; Guaraci, Oscar, Patrocínio, Isaac e Pecinha (Ruy).
Olaria: Walter, Cláudio e Renato; Rafael, Olavo e Dodô; Toledo, Arlindo, Gaúcho, Eltes e Mário.
Gols: Gaúcho (2), Arlindo, Mário, Olavo (pênalti) e Eltes para o Olaria; Patrocínio e Ruy para o Pinheiros

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Na TV Araucária

Hoje participei do jornal da TV Araucária, divulgando um pouco mais o livro. Fui entrevistado no último bloco pelo multimídia Ricardo Córdova, a quem agradeço pelo espaço. É muito bom poder contar um com telejornal local, voltado aos fatos da região.

Melhor ainda, na saída tive uma ótima notícia para quem se preocupa com o resgate da história do esporte de Lages... Mas conto outra hora!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Livro em destaque

Reportagem no Correio Lageano de hoje sobre o livro do Inter. A foto que ilustra o texto foi tirada no arquivo do próprio jornal, local onde tenho passado muitas horas. Ontem também fui entrevistado nas rádios Clube e Globo, e sábado tem um bate-papo com o Zé Melo na Guri.


O mais legal dessas matérias sobre o livro é que sempre aparece alguém com alguma história que eu não sabia, ou foto que não tinha, e assim o Inter continua em evidência. Já sabem, né? Quem quiser contar alguma coisa, é só escrever para livrodointer@gmail.com

No próximo post, o treinador Cuca relembrará sua passagem pelo Leão Baio.

domingo, 25 de janeiro de 2009

O primeiro jogo oficial no Vermelhão

O Internacional de Lages levou dezessete anos para ter um estádio para chamar de seu. De sua fundação, em 1949, até 1966, o time mandou seus jogos nas praças de esportes pertencentes ao município de Lages. Primeiro, no mítico Areião de Copacabana que, a despeito de ter mais terra batida do que grama, viu desfilar os mais nobres nomes do soccer barriga-verde, como Teixeirinha, Valério Mattos e Esnel. Depois, em 1954, o palco colorado passou a ser o estádio da Ponte Grande, homenageando o bairro homônimo, mais tarde rebatizado de Vidal Ramos Júnior.

No início dos anos 60 o antigo Areião foi doado pelo município ao Internacional, para que ali o clube construísse seu estádio. Assim, o Areião de Copacabana passou a ser o Vermelhão de Copacabana, inaugurado em um amistoso contra o Huracán de Buenos Aires, em 27 de novembro de 1966, com vitória dos visitantes por 1x0, gol de Caballero.

A imprensa de Lages – e eventualmente até a estadual – sempre se refere ao jogo entre Internacional e Huracán, que até foi filmado pelo Canal 100. Mas nada se diz do primeiro jogo oficial realizado no Vermelhão, pelo campeonato catarinense de 1966.

Lotação total para o confronto entre Internacional e Avaí, no dia 4 de dezembro de 1966. O herói colorado Anacleto, autor dos gols que deram o título estadual de 1965 ao Inter, foi quem primeiro balançou as redes naquela tarde. Cavallazzi empatou para os avaianos, e o time da casa pressionou muito até marcar o gol da vitória pelos pés do ponta-direita Zezé, aos 35 minutos do segundo tempo. Foi a primeira de muitas festas rubras naquelas modestas porém aconchegantes arquibancadas.

Zezé, aqui em 2008, fez o gol da primeira vitória no Vermelhão

Aos poucos o Inter foi deixando de mandar seus jogos no Vermelhão, até que nos anos 80 adotou definitivamente o Vidal Ramos Júnior. O campo do bairro Copacabana ficou destinado aos treinos e hoje queda tão abandonado quanto o próprio Internacional. A prefeitura retomou a posse do terreno na justiça e o que resta de tantas tardes gloriosas são ruínas e lembranças, como essas daquela tarde de dezembro de 1966.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O pombo sem asa de Vainer

Acabo de ver os gols da rodada inaugural do Gauchão 2009. Ontem foi o Inter que marcou passo dentro do Beira-Rio. Hoje o Grêmio tropeçou em Santa Maria, e o gol dos donos da casa foi marcado por Vainer, que jogou no Inter de Lages em 2005. Aos sete minutos do primeiro tempo ele acertou um chute forte de fora da área, enviesado, no ângulo esquerdo, indefensável. De todos os gols dos estaduais que vi até agora nesse começo de ano, o de Vainer foi o mais bonito. Um canhotaço como tantos que ele desferiu no Tio Vida.

O gol de Vainer em foto do ClicRBS: é lá que a coruja dorme

Talvez tenha sido o melhor jogador dos últimos anos que passou pelo Inter. Quando o vi pela primeira vez, em um empate contra o Clube Brasil, já tinha ficado impressionado. Mas na vitória por 4x2 frente ao Concórdia, no dia 2 de setembro, Vainer arrebentou. Passes, lançamentos, dribles na ponta esquerda e duas cobranças de faltas magistrais: uma estourou no travessão e outra morreu na rede.

Vainer e o nesfasto L.O.S em 2005: essa ele mandou na trave

Vainer já declarou que pretende jogar no Colorado de novo. Quando começar o campeonato desse ano por aqui, o Gauchão já terá terminado. Quem sabe - só o que nos resta é sonhar -possamos ver de novo os chutes de Vainer e comemorar belos gols do Leão Baio.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Todos os Lages de Lages

É comum no estado de Santa Catarina as cidades se fazerem representar por clubes homônimos, a maioria rebatizados ou nascidos de fusão. É o caso de Blumenau, Criciúma, Tubarão, Joinville e Brusque, por exemplo. Mas o caso de Lages é curioso: seus clubes homônimos não nasceram de fusão, e os quatro que existiram não derivam de artifícios para driblar credores. São realmente times distintos, sem parentesco entre si - exceto pelo nome.

Até pouco tempo atrás acreditava que o primeiro havia sido o Lages Futebol Clube, fundado em 7 de julho de 1938. Porém, alertado pelo Adalberto Klüser, que detém um telegrama do Avaí dos anos 20 enviado a um clube chamado Lages, aprofundei a pesquisa. De fato, em 1923 foi fundado o Lages Sport Club - dia e mês incertos, por enquanto - que existiu até 1927.

O Lages F.C. de 1938 jogou até 1940, e foi reativado em dois períodos: de 1954 a 1959 (campeão citadino em 1954) e em 1977, esta uma experiência vexatória - acumulou dívidas e derrotas.

No dia 25 de maio de 1998 foi fundado Lages Esporte Clube, o LEC, que tinha uma gralha horrível no escudo, e jogou a segunda divisão de 1998. Foi o último colocado, vencendo apenas um jogo, e mesmo assim foi chamado pela FCF por um certo “critério técnico” (!) para disputar a primeira divisão em 1999, com o presidente Rogerinho dando volta olímpica no estádio a cada gol. Venceu alguns jogos nesse ano, mas em 2000 foi alvo de goleadas impiedosas e saiu de cena.

Em 10 de julho de 2002 foi fundado o Clube Atlético Lages, o CAL, o mais vitorioso dos clubes chamados Lages, com um escudo lindo criado por Fabricio Furtado. Logo no primeiro ano subiu à primeira divisão por mérito, conquistando a vaga no campo. Em 2003 venceu um turno do torneio seletivo para a Série C, e em 2004 conquistou um turno da Série A-2, o campeonato da Série A-2 e disputou a Série C do campeonato brasileiro. Foi desativado em 2006.

Quatro Lages, quatro histórias diferentes. E nenhum deles, e nem o Internacional, ou o Guarany, ou o Aliados, ou qualquer outro está representando a região da Serra Catarinense no campeonato catarinense de 2009 que começa nesse fim de semana - a única região do estado sem um representante na primeira divisão.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Morre zagueiro que atuou no futebol de Lages

Um acidente com o ônibus que transportava a delegação do Brasil de Pelotas fez três vítimas fatais na noite de ontem, dia 16 de janeiro. Morreram o atacante Cláudio Vilar, o zagueiro Régis Gouveia e o preparador de goleiros Giovani Guimarães. Outras dez pessoas ficaram feridas.

A delegação do Brasil voltava de ônibus para Pelotas após um amistoso em Vale do Sol, quando o motorista perdeu o controle do veículo que despencou de um barranco a uma altura de 50 metros, na cidade de Canguçu.

Uma das vítimas fatais, Régis Gouveia Alves jogou pelo Clube Atlético Lages em 2006, o último ano de existência do time serrano. Régis teve uma boa passagem pelo CAL, e chegou a marcar um gol na vitória do Lages sobre o Juventus, no dia 30 de abril daquele ano, reproduzido na foto abaixo.


Régis era natural de Pelotas, tinha 28 anos, e além de Lages e Brasil, defendeu os times do São Luís e Ijuí, São Gabriel e Ulbra.

Registramos nosso pesar com o trágico acidente que abala a cidade de Pelotas e o sentimento de solidariedade aos familiares das vítimas.

Régis enfrentando o Próspera em 26 de abril de 2006

Clube Atlético Lages e a Taça Puskas

Criado em 2002, logo no primeiro ano o CAL - Clube Atlético Lages - foi vice-campeão da segundona subiu para primeira divisão. Em 2003 conquistou seu primeiro título no Torneio Seletivo para Série C, ao vencer o segundo turno, denominado Troféu Romeu Diedrich, em homenagem ao imortal Puskas, centroavante do Inter em 1965.


Acima, na primeira foto, os jogadores Fábio André (goleiro) e o cracaço Rômulo (ponta-esquerda) com a taça. Na segunda, é o capitão Rémerson recebendo o troféu.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

AVEP e Piriri: do tempo da bola redonda

No próximo sábado, dia 17, começa o ano da nossa AVEP. Quer ver a bola rolando redondinha? Vai lá, serão três jogos, às 14, 16 e 18 horas. O time principal faz o jogo do meio. A foto aí debaixo é do time da AVEP nos anos 70, antes de um amistoso contra os veteranos do Grêmio.


O primeiro em pé é o grande Áureo Malinverni. O de bigode que está olhando para baixo é Roberto Caramuru, e o técnico é o Setembrino, de boné. Os dois primeiros agachados são Zezé e Ricardinho e o último é Anacleto Vevé Oliboni.

Por falar em masters, na primeira metade dos anos 80 eu assisti a muitos jogos do saudoso Piriri. Era um time formado por ex-jogadores profissionais. O de Lages era muito forte, e foi campeão do primeiro torneio municipal de futebol suíço, em 1982.

As cidades de Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba e Belo Horizonte também tinham seus Piriris, e eu lembro pelo menos dos times da região sul jogando aqui em Lages.

Abaixo uma foto do Piriri lageano - não muito nítida, foi retirada de um exemplar do Correio Lageano de 1982. Nessa mesma reportagem tem uma escalação do nosso Piriri: Barbosa, Fonseca, Cléo, Ademir e Laélio; Mauricio, Chico e Zezé; Godinho Paulo e Banana.

Piriri e AVEP, dois ícones do futebol bem jogado, diferente dessa bola quadrada que nos assola hoje em dia...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Colorado à parte...

Este é um blog sobre o futebol de Lages, mas até agora só deu o Leão da Serra por aqui. Até agora. O post de hoje trata de uma visita do maior adversário do Inter de Porto Alegre, o Grêmio, para enfrentar o maior adversário do Inter de Lages, o Guarany.

O jogo foi no dia 15 de novembro de 1964, no Tio Vida. O Grêmio veio com toda a sua constelação, reluzindo Airton, Ortunho, Paulo Lumumba, Alcindo e o craque lageano Áureo Malinverni. Antes do jogo, Áureo recebeu uma placa ofertada pelo município e entregue pela senhorita Salete Chiaradia, então Miss Santa Catarina.

Com a bola rolando, o Grêmio venceu por 2x0, gols de Alfeu e Sérgio Lopes, ambos no segundo tempo.

Na foto - veja ao fundo o estádio lotado e o velho pavilhão ainda sem cobertura - estão dois jogadores de cada time. O gremista com duas crianças é o tanque Alcindo, o Bugre, um dos maiores nomes da história tricolor.

Para reconhecer os dois bugrinos e o outro gremista (eu acho que é o Volmir), peço a ajuda de Fabrício Hasse Furtado e do Tio Pitota, gremista e bugrino das antigas que devia estar lá na arquibancada naquele dia.


Seria legal se alguém também reconhecesse as crianças...

Up date em 16 de janeiro: os jogadores do Guarany são Souza (irmão do Volmir Massaroca) e Bugrinho, lateral-esquerdo. Agradeço ao Zezé!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Hino do Inter

Acabo de ver que pediram o hino do Leão da Serra lá na comunidade do Orkut. Aí vai a letra, e logo vou providenciar um vídeo no Youtube com umas imagens legais ilustrando o hino.

No dia 13 de junho
Nasceu meu querido esquadrão
Internacional
O clube do meu coração

Time lutador e varonil
Tem um lugar de honra
No esporte do Brasil

Vermelho e branco
Eternamente hei de ser
Nasci colorado
E colorado hei de morrer

Internacional lageano
És o mais querido da cidade
Avante Internacional
Pra mostrar que não tens rival

Letra e música nasceram em uma mesa de bar... Mas para quem não viu na TV Araucária, no programa do Rafael Araldi, essa história vai ficar guardada para o livro...


Feliz 2009, colorados.