O Inter voltou.
Como assim, pode perguntar alguém?
Como voltou, se a competição é a terceira divisão, se os jogadores são desconhecidos, se faz tanto tempo desde o último grande feito.
Pois digo que o Inter voltou. Cheguei cedo ao estádio Vidal Ramos Júnior, que ainda estava vazio. De repente chegou o seu Armindo Araldi. Fundados do Inter, tantas vezes presidente, o maior de todos os colorados. Armindo Araldi tem 62 anos de Internacional. Viu o time nascer, crescer e se tornar um gigante. Viu Pão de Milho, Ernani, Esnel, Bodinho, Osvaldo, Magalhães, Áureo Malinverni, os irmãos Melegari, Plínio Maines, Puskas, Dair, Caramuru, Setembrino, Zezé, Anacleto.
Armindo Araldi fez o Inter ser campeão catarinense. Viu a final contra o Metropol. Viu os campeões de 1965 cruzando a cidade em carro aberto.
Armindo Araldi viu todas as glórias coloradas, e menos de uma semana depois de perder a esposa para uma insistente doença, deixou sua casa para ir ao estádio ver o Internacional na terceira divisão, um posto tão baixo que nem em seus piores pesadelos poderia imaginar.
Mas Armindo Araldi não se importa. Porque, a bem da verdade, não importa a divisão, e nem importa se esses jogadores não são os heróis de outrora. Não importa se o adversário não é algum festejado time da capital do estado.
Só o que importa para Armindo Araldi é que o time que entrou em campo vestia camisas vermelhas e é chamado de Inter de Lages. Ele estaria lá, ainda que acompanhado de meia dúzia de gatos pingados. Mas como em um passe de mágica, centenas de colorados, a maioria muito jovens, se juntaram a ele, e quase duas mil almas encarnadas viram o empate contra o Caçador.
Armindo Araldi estava lá, e ao seu redor outros colorados lageanos que se fizeram à sua imagem e semelhança. E por isso, só por isso, eu digo cheio de orgulho: o Inter voltou.
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