Por Maurício Capela*
Nunca fui à progressista Lages, mas confesso que o erro é todo meu. Bem que eu já podia ter me enfiado em um avião e ter pousado lá uma, duas ou algumas vezes. Ainda mais porque essa cidade de Santa Catarina teima, desde criança, a cruzar meu caminho. E, cá entre nós, é um teimar dos mais aprazíveis, pois todo esse encontro e desencontro somente acontece por obra e graça dessa minha bendita paixão pela bola! E o que a bola junta, não há força na Terra que separe!
Paulistano como sou, naturalmente você, do outro lado da tela, deve imaginar que envergo em meu peito as cores alvinegras, talvez esmeraldinas ou ainda tricolores. Nada. No canto esquerdo desse sujeito que vos fala, bate mesmo é um coração rubro-verde. E é justamente nesse bater que Lages, Inter e Maurício Capela se entreolham.
Quem já vestiu uma camisa de futebol na tenra idade da vida há de concordar comigo que é um rito de passagem. Desses que definem nossas vidas para todo sempre. Uma vez Internacional, por exemplo, sempre Colorado. E por aí vai.
Portanto, foi assim, logo de cara, logo nos primeiros acordes de minha paixão pela bola que Lages e Internacional começaram a dar o ar de sua graça em minha vida. Meninote de tudo, a minha primeira ida a um estádio de futebol, melhor, a minha primeira ida à Meca rubro-verde, o Estádio do Canindé, foi numa noite clara, quente e gostosa de 1984. O adversário era a Ponte Preta e a partida não estava nada fácil, quando um moço, revelado pelo Inter de Lages, de nome Jones Roberto Minosso ou simplesmente Jones, resolveu fazer o único tento na partida. Lusa 1, Macaca zero.
Para mim, Jones foi o “cara” naquela noite em um time que já esboçava sinais de que disputaria algo mais. Esquerdinha, Toninho, o goleiro Serginho e Edu Marangon deixavam nas entrelinhas de que a Lusa almejaria algo nos anos vindouros. Dito e feito. Um ano depois, em 1985, a Lusa seria operada no Morumbi e ficaria com o vice-campeonato paulista. E Jones fazia parte dessa trupe.
Jones, falecido em 1999, nunca soube, mas sem dúvida deu uma mão danada para que hoje eu continuasse a envergar a camisa rubro-verde, com suas famosas faixas horizontais. Porque torcer para quem ganha, é moleza. Mas enfrentar o cimento duro da arquibancada da Meca rubro-verde é somente para os fortes. Coisa que os Colorados de Lages sabem bem.
Portanto, neste domingo, dia 15 de agosto de 2010, quando o Inter de Lages voltar ao gramado, depois de um ano longe da lida, rabisco essas malfadadas linhas como forma de me congraçar com seu retorno, além de, por extensão, avivar um tiquinho a memória do atacante Jones.
Então, à batalha, Inter, porque certamente serás responsável em breve por produzir outros “Jones”, que vão encantar outros meninotes em uma noite clara, quente e gostosa de qualquer ano desse século XXI.
*Maurício Capela é jornalista.
Obrigado ao meu xará Maurício Capela, emocionante o texto!
É isso aí! Vamos apoiar para que o nosso Inter de Lages volte a trazer muita alegria para o povo lageano!
ResponderExcluirParabéns pelo blog Maurício!!